(Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula) |
Ex-presidente conta um pouco dos desafios e dos planos que tinha para a política externa brasileira quando assumiu o governo. |
O
governo Lula mudou a prioridade da política externa brasileira e trabalhou para
ampliar as relações entre o Brasil e o mundo, especialmente os países africanos
e a América Latina. Enquanto presidente, Lula atuou para fortalecer os órgãos
regionais a participação do Brasil nas instituições multilaterais.
Num
vídeo gravado na sede do Instituto Lula em São Paulo, o ex-presidente conta um
pouco dos desafios e dos planos que tinha para a política externa brasileira
quando assumiu o governo.
Após
deixar o governo, o ex-presidente fundou o Instituto Lula, que tem o trabalho
com a África e a América Latina como dois de seus objetivos principais. Para
saber mais sobre as iniciativas do Instituto Lula, clique abaixo:
Leia
abaixo a transcrição completa do vídeo de 4min44seg
O
compromisso do Brasil com o multilateralismo
Se
você ler o meu discurso de posse, você vai perceber que estava na minha cabeça
a questão do multilateralismo, a questão da relação Sul-Sul e estava na minha
cabeça ter uma relação prioritária com o continente africano e com a América do
Sul e a América Latina. Disso eu tinha convicção. Por isso eu coloquei no meu
discurso muito claro o compromisso do Brasil com o multilateralismo, com o
continente africano e com o continente latino-americano. Apesar de termos feito
uma política muito abrangente e termos pensado em todo mundo.
Política
é como amor, é uma coisa química
Eu
acredito numa coisa que é o seguinte: a relação humana você não faz por e-mail,
a relação política você não faz por fax, você não faz por telefone, é uma coisa
pessoal. Ou seja, política é como amor, é uma coisa química. Ou você sente uma
interação entre dois seres, dois objetos, ou não sente. Então eu acredito muito
nessa coisa de pegar na mão, de olhar no olho… As pessoas se incomodavam porque
eu abraçava muito as pessoas. Eu sou assim, eu gostava de fazer assim, eu
gostava que as pessoas se sentissem muito à vontade comigo. Eu não queria que,
ao terminar o meu mandato, o presidente que eu tinha conhecido me visse apenas
como ex-presidente. Eu queria que eu o visse como um companheiro e ele me visse
como um companheiro.
Eu
tinha em mente que precisaríamos criar novos parceiros
Eu
tinha em mente que o Ministério das Relações Exteriores tinha de ser mais ágil,
de fazer mais política, de viajar mais, que o Brasil tinha que fortalecer as
suas embaixadas. Eu tinha em mente que o Ministério do Comércio Exterior tinha
de ser um verdadeiro mascate. Porque estava tudo muito acomodado. Tudo dependia
do que os Estados Unidos faziam, tudo dependia do que a Europa fazia. Ora,
obviamente que nós sabemos que são dois setores muito importantes para o
Brasil, são duas regiões importantíssimas, mas o mundo não é só isso. O mundo
já tinha China, já tinha Índia, já tinha Indonésia, já tinha o continente
africano todo, tinha a América Latina, tinha a Argentina do nosso lado,
Uruguai, Paraguai, Bolívia… Então eu tinha em mente que nós precisaríamos criar
novos parceiros. Nós não podíamos ficar dependentes de um país ou de um bloco.
Quanto mais heterogênea e quanto mais multilateral nossa relação, melhor para o
Brasil.
Valeu
a experiência agressiva na política externa
E
foi isso o que aconteceu. Eu, de vez em quando, lembro as pessoas que quando
nós chegamos à Presidência, o Brasil tinha um fluxo de comércio exterior de 107
bilhões de dólares [por ano], entre tudo o que a gente exportava e tudo o que a
gente importava. Quando nós deixamos a Presidência, nós tínhamos alcançado 482
bilhões de dólares [por ano]. Numa demonstração de que valeu a pena a gente
acreditar nas incursões que o governo brasileiro fez e na maioria das vezes eu
participei. O ministro das Relações Exteriores trabalhou muito, o ministro da
Indústria e Comércio trabalhou muito, porque em vez de ficar esperando que as
pessoas viessem aqui, nós fomos lá. É como se alguém falasse pra você: naquela
praça tem um monte de moça bonita, e você ficasse no portão esperando que
alguma daquelas moças passasse lá, no portão onde você estava. Quando o correto
era você sair de seu portão e ir lá na praça. O que eu fiz foi isso, saí daqui.
Sem deixar de dar importância para os Estados Unidos, sem deixar de dar
importância para a União Europeia, viajar mais para a China, viajar mais para a
Índia, viajar mais para os países africanos, viajar mais para os países da
América Latina, da América do Sul, da América Central… ou seja, viajar o mundo
que até então era um pouco menosprezado pela visão de quem governava o Brasil.
Eu acho que essa visão prevaleceu, nós fortalecemos muito a participação
multilateral do Brasil em todas as instituições, brigamos muito para mudar, não
conseguimos mudar, mas de qualquer forma, eu acho que valeu a pena a
experiência agressiva que o Brasil teve na sua política externa.
Confira o Vídeo:
(Instituto
Lula)
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