Daniel Barbosa é estudante da UFRN e um dos organizadores da campanha. Foto: Wellington Rocha |
Iniciativa
do coletivo E O Aleijado, Sou Eu?, em parceria com a Comissão de Apoio ao
Estudante com Necessidades Educacionais Especiais (Caene), a campanha
“Acessibilidade e Respeito: Eu Posso! Você deixa?” pretende sensibilizar
alunos, professores e demais funcionários da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (UFRN) para o principal problema enfrentado por uma pessoa com
necessidades especiais.
A partir desta segunda-feira (06), até a próxima
sexta-feira (10), palestras e atividades socioculturais movimentam a
instituição. No encerramento, o I Fórum Permanente Sobre Acessibilidade
apresentará palestras e mesas-redondas, no Centro de Educaçao da Universidade,
bem como um concurso de fotografia sobre a temática.
Com esquetes
(pequenas cenas humorísticas) interpretadas por Daniel Barbosa, aluno do curso
de Ciências Sociais, um dos organizadores da campanha e também cadeirante,
pessoas que circulavam pelo Setor III foram confrontadas com a primeira ação.
Ao simular um acidente, que o deixou prostrado no chão, ele esperou sem sucesso
por ajuda para levantar. Dois alunos caminharam em sua direção, mas desistiram
após os passos iniciais. “Será que a deficiência é só minha? Ou é da sociedade?
Fiquei no chão e ninguém veio me ajudar. Olhavam, mas se afastaram sem falar
comigo. O que mais me incomoda, além da falta de acessibilidade, é a
invisibilidade”.
Principal
instituição de ensino do Estado com maior proporção de pessoas com algum tipo
de deficiência no país, a UFRN precisa de vários itens para se adequar à lei
que ampara esse grupo social. “Como podem falar em igualdade se nem na
universidade temos como nos locomover com tranqüilidade? As pessoas não pensam
que um cadeirante precisa trabalhar, ter lazer, pagar contas, e que nessa hora
não é nada confortante ficar sem conseguir entrar em um prédio ou se movimentar
sozinho”, diz Daniel. A falta de autonomia em meio às dificuldades vividas por
alunos e funcionários foi o que motivou a Campanha.
“Muita
gente tem vergonha de assumir uma deficiência. Tem gente com baixa audição,
baixa visão ou mesmo problemas mentais, mas ela não assume. Sem isso não tem
como o Caene fazer um trabalho completo. Não temos como atingir o maior número
possível”, lamenta Daniel. Com programação nos três turnos, a “Acessibilidade e
Respeito: Eu Posso! Você Deixa?” quer expandir o trabalho incipiente na UFRN.
“A Caene já presta assistência às pessoas com necessidades especiais. Queremos
ampliar isso com a conscientização de todos de que precisamos de intervenções
mais sérias, que fundamentem as leis já existentes”.
Para
a professora de genética e coordenadora adjunta da Caene, Sílvia Batistuzzo, a
dificuldade reside em alterar comportamentos arraigados na sociedade, como o
preconceito com o diferente. “Será que conseguimos sair dessa barreira? Será
que eu vejo uma realidade diferente? Onde está o problema, não é na falta de
sensibilidade individual? São questões que queremos levantar na Campanha. Para
isso, no Fórum, receberemos profissionais de outros Estados que nos ajudarão
nessa mobilização. Trata o deficiente com mais humanidade e fazer cumprir as
leis criadas para eles é um caminho sem volta”.
Fonte:
Jornal de Hoje
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