quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Termina a Greve dos Correios. A Normalização das Entregas Levará até 10 dias


Cerca de 800 mil e 1 milhão de correspondências estão retidas nas centrais de distribuição no RN.
Brasília - Com a volta dos trabalhadores dos Correios ao trabalho, marcada para hoje, conforme determinação da Justiça do Trabalho, a entrega de correspondências e encomendas deve ser normalizada em um prazo de sete a dez dias. De acordo com o vice-presidente Jurídico dos Correios, Jeferson Carús Guedes, a empresa vai organizar escalas de trabalho ao longo das próximas semanas para colocar as entregas em dia. Segundo ele, a situação mais crítica é nas regiões metropolitanas e em alguns estados como o Pará.
Os Correios estimam que cerca de 185 milhões de correspondências e encomendas deixaram de ser entregues desde o início da greve. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou hoje (11) que os trabalhadores dos Correios voltem ao trabalho a partir da próxima quinta-feira. Os ministros autorizaram a empresa a descontar no salário dos grevistas o equivalente a sete dias de greve e os demais 21 dias de paralisação devem ser compensados com trabalho extra nos fins de semana.
Também foi determinado o pagamento de um aumento real de R$ 80 a partir de 1º de outubro e reajuste linear do salário e dos benefícios de 6,87% retroativo a 1º de agosto. Segundo o representante da empresa, o pagamento dos benefícios vai resultar em um impacto de cerca de R$ 850 milhões nas contas da empresa.
Para o secretário-geral da Federação Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), José Rivaldo da Silva, as condições determinadas pelos ministros refletem praticamente a mesma proposta que foi rejeitada pelas assembléias dos trabalhadores. "A gente tinha uma expectativa maior, mas quando se fala de uma decisão judicial, não posso dizer se valeu ou não a pena.
O que ficou de recado para os trabalhadores é que é melhor negociar do que apostar no tribunal", disse. Neste momento, os diretores do Fentect estão reunidos analisando a determinação da Justiça do Trabalho. De acordo com Rivaldo da Silva, a tendência é acatar a decisão do tribunal. "A decisão da Justiça é pelo final da greve. A direção da Fentecc vai se reunir, mas decisão judicial não se contesta, tem que cumprir".
O presidente do TST, ministro João Oreste Delazen, lembrou que a jurisprudência do tribunal determina sistematicamente o desconto dos dias de greve, mas esse foi um caso pontual porque houve a concordância da empresa na compensação com trabalho extra de parte dos dias parados.
O ministro voltou a criticar a postura dos sindicatos, que, segundo ele, demonstrou uma politização do movimento grevista e um descompasso entre a cúpula e as bases das entidades sindicais. "Há um conflito evidente que demonstra a fraqueza, a fragilidade da organização sindical brasileira, que precisa ser passada a limpo com urgência".
Dalazen alertou que, se os trabalhadores não voltarem ao trabalho na quinta-feira, estarão sujeitos à demissão por justa causa, por ato de indisciplina e descumprimento de decisão judicial, e as entidades deverão pagar multa de R$ 50 mil por dia, de acordo com a decisão do TST. A Assembléia de hoje define rumos da greve no RN. 
Os servidores dos Correios, no Rio Grande do Norte, têm assembléia às 10h de hoje para decidir se retornam imediatamente ao trabalho em cumprimento à decisão do Tribunal Superior do Trabalho. O sindicato regional da categoria calcula que há entre 800 mil a 1 milhão de correspondências retidas nas centrais de distribuição no Estado. Um estoque de correspondências cuja entrega só deve ser normalizado dentro de 30 dias no Rio Grande do Norte. 
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios (Sintect-RN), Francisco Moacir Soares, afirma que essa demora decorre da pouca quantidade de carteiros em atividade no Estado - hoje são de no máximo 400. "Seriam necessários mais 200. Mas só teremos a convocação de 68 remanescentes do último concurso". O Sindicato vai negociar com a administração regional a forma de reposição dos dias parados. 
A indicação do TST é os servidores trabalhem aos sábados de domingos. "Mas vamos tentar uma negociação para, no Estado, fazermos essa compensação ao longo da semana mesmo", afirmou Moacir. 
As cidades do interior do Estado, mesmo com demanda menor àquela registrada na Região Metropolitana de Natal e Mossoró, também foram afetadas porque as centrais de distribuição de correspondências estão localizadas na capital. Isso porque o serviço de entrega de encomendas depende do material encaminhado pelas centrais. No embate com o Governo Federal, a categoria conseguiu um aumento de R$ 80,00 no salário base - é de R$ 807,00 para quem está ingressando nos Correios -, além de um reajuste percentual de 6,87% relativo à inflação do período. 
Os servidores tiveram também reajuste no valor do vale alimentação, de R$ 23,00 para R$ 25/dia, e no valor do vale sexta-básica [passou de R$ 130,00 mensal para R$ 140].


Fonte: Tribuna do Norte

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